Ele por mim - Vento no Rosto

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Palavras ao vento

Vento no Rosto

Ele por mim

Foi a primeira vez que o vi mais de perto. Passei a conhecê-lo intensamente. E me encantei. Nos preparávamos para celebrar os 80 anos da minha mãe quando iniciei a pesquisa. A ideia era escrever sobre ele, pela afinidade que tinham.

A conversa começou informalmente durante um almoço na casa da tia Wilma Laino, onde também estavam presentes a tia Marisa e minha mãe. Ela não sabia da festa. Era surpresa. Então, ao falar de seu pai, contou detalhes preciosos. Guardei cada um.

Ali eu soube. A música cantada por ela para acordar as filhas ainda crianças fora com ele aprendida. Ele cantava para os filhos: “abre a janela, Maria, que é dia; São 5 horas e o sol já raiou… Os passarinhos fizeram seus ninhos na janela do seu bangalô”.

Naquele instante, aquela canção ganhou outro sentido para mim.

Ali também foram relembradas muitas histórias, algumas eu até já conhecia. As viagens em família, as festas no salão, a incontrolável embriaguez… outras eu soube durante as entrevistas que fiz para editar o vídeo dos 80 anos.

Era um teimoso nato. Característica que toda a família herdou. Menos eu. Acha?! Era apaixonado pela minha avó, terrivelmente apaixonado. Compreensível. Ela era uma mulher encantadora.

Era um poeta!

E veio dele, descobri mais tarde, a habilidade de tantos na família com as palavras. Minha mãe, com sua letra pouco compreensível, mas sempre tão inspirada, transmite amor a cada vez que se expressa.

A tia Marisa, minha madrinha, com sua percepção autêntica da vida e grande capacidade de se expressar. A tia Sandra, que até mesmo nos bilhetes mais tímidos, também exala amor. E o tio Rogério, tão habilidoso com os relatos técnicos de seu trabalho.

A herança não parou por aí. Minha irmã Débora venceu várias edições do Coconpoka – Concurso de Contos e Poemas do Khauan, promovido antigamente pela Escola Estadual Prof. Jamil Khauan, onde estudamos durante muitos anos. Ela tem uma antologia publicada! A arte está nela.

E a Rita, minha outra irmã, com sua facilidade de expressão, revelada em alguns textos aqui, outros acolá, muitos nas redes sociais. Se sentar para escrever mais, dali brotarão belas palavras, como aquelas que profere.

Tudo veio dele. E do amor que nutria por ella… era assim que a chamava. E era “A ella” que escrevia.

Uma imensa saudade

Após tomar contato com boa parte da história de meu avô, passei a sentir uma imensa saudade. Foi estranho até. Sentir saudade de alguém que não conheci… Decidi, então, escrever. Falar sobre ele e sobre tudo o que tenho aprendido com ele. Mais de meio século depois de sua partida.

As histórias são tantas e as lições tão marcantes, que algumas são vivenciadas no dia a dia mesmo sem que percebamos os exemplos que em nós carregamos dele. Outras, serão descobertas ao longo dos próximos artigos.

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