Encontrar

Até chorei quando ele me falou. Fiquei um pouco em silêncio e nem consegui responder na hora. Vim para o computador.

As lágrimas eram como letras soltas que escorriam pelo meu rosto, tentando se encontrar e formar algo que fizesse sentido. Para mim, não para os outros.

Há tempos venho pensando que ando sem tempo para escrever o que eu gostaria de expressar. Com palavras tortas, desarrumadas, às vezes meios desorganizadas, construí uma caixa onde deixei meus sonhos a esperar.

A história do meu avô, a publicação de mais um livro, as lições aprendidas em um dia ou em uma vida – aguardam ali, com olhos para cima, vendo letras apressadas procurarem seu destino – sempre a trabalhar.

No que meus olhos leram a frase que ecoou o que meu coração pensava, a emoção transbordou. Chovia forte naquele momento. Trovejava. E com a mesma força de uma tempestade, as palavras saíram da caixa e começaram a se organizar.

Estava sumida de mim, mas não muito distante de me encontrar. Decidi responder com esse publicar de palavras que podem talvez nenhum sentido fazer. Mas que saem com a profunda intenção de convidar você, que está lendo, também para esta reflexão:

O quão distante você está de você?

Por aqui, já tomei um ar e estou a postos para esse caminhar rumo a elas… as palavras que entraram na minha vida não apenas para se doar. Mas também, para brincar e – hora ou outra – sair de seus lugares sérios para um escorregar que embaralha e depois as deixa livre, para um outro representar.

Se a caixa vai continuar aberta, só o tempo dirá. Mas ao menos nesse momento, as letras ouviram o som e saíram a dançar. Sou testemunha ocular: uma pequena frase foi capaz de fazer tudo mudar.

O temporal já se acalmou. O Centro de São Carlos já esvaziou. Meus dedos já estão parando de bailar e meu coração segue firme a saltar, na esperança de que outras vezes ele possa se expressar.